sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Lenda da Nossa Senhora do Carmo - Fuseta

 


Diz o povo que, muitos anos atrás, se levantou um forte temporal quando os pescadores se encontravam na sua labuta, no alto mar; em terra, as mulheres, desesperadas, fizeram uma enorme fogueira no adro da igreja, ponto mais alto da povoação, procurando orientar os seus homens no caminho certo de regresso.
Dos barcos no mar alto, os pescadores viram a luz distante e a imagem de Nossa Senhora do Carmo, que os acompanhou até chegarem sãos e salvos a terra firme.
Tudo isto se terá passado num dia 16 de Junho, e até hoje faz-se anualmente a fogueira no adro da igreja, honrando a sua padroeira, ponto mais alto dos festejos da Fuzeta, que decorrem de 1 a 17 de Junho.


(https://algarvencantado.blogs.sapo.pt/6933.html)



Esta não é uma lenda de mouras encantadas, mas é muito bonita.

É um ato de fé.


Não se sabe ainda ao certo quando foi construída a Capela de Nossa Senhora do Carmo da Fuseta mas afigura-se certo que a sua antiguidade é muito maior do que se supõe. Em 1835 passou a Igreja Paroquial mas já existia na Fuseta uma capela erigida em honra de Nossa Senhora do Carmo.

 


quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

O silêncio da minha rua



Outrora o céu não tinha descanso

Hoje nem um avião descola

Neste inverno insano

Até voltou a fechar a escola


Na rua outrora super movimentada

Agora de pessoas está deserta

Apenas a florista está aberta

Descansam as pedras da calçada


O ruido que nunca parava

fosse noite ou dia, 

agora virou silencio

e a cidade uma doce melancolia


Dia (2021)



quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Pensamento do dia

                       

Estava eu na janela
onde o sol teimou entrar
olhei através dela
e fiquei ali a sonhar

Sonhei com um mundo ideal
onde havia liberdade
e podíamos viajar

Então pensei:
Eu era feliz e nem sabia
e andava por aí a suspirar
por aquilo que não tinha
e era difícil de alcançar

Hoje não há como ter o que se quer
Tudo o mundo mudou
A preocupação é apenas sobreviver

Dia (2021)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Tu és o homem

     


Amor tu para mim
és assim:
- Tudo para mim !

Tu és o homem
Que Deus colocou no meu caminho
E quando a noite vem
Tens sempre um carinho

Amor tu para mim:
- És sonho sem fim ...

O teu corpo
É alucinação
Onde me perco
E vibro de emoção

Amor para mim
és assim:
- O companheiro que escolhi !

Dia(2006)

sábado, 23 de janeiro de 2021

Gosto!

                                  

Gosto!
Quando de mansinho
Acaricias a minha mão
Devagar, devagarinho… 

E um arrepio
Desliza na tarde calma
Partilhando a ilusão
A compostura acaba 

Gosto!
Do beijinho roubado
Por esses lábios de paixão 

Oh!
Pensamento inacabado!...

Dia (2000)



quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Princesa Dia



 Neste reino virtual

Mora a princesa Dia

Ela vem aqui sonhar

E beber 

Nos blogues a poesia


Depois de oito horas a cuidar

De pessoas em sofrimento e dor

Aqui vem ela retemperar

Suas forças, seu fulgor


Aqui a princesa Dia

É livre e despreocupada

Tentando por vezes fazer poesia

Sobretudo sobre a vida

Pela qual é muito apaixonada


Talvez esta princesa

Sonhe com o mundo e sua beleza

Ou procure a paz e a singeleza

Nesta virtual dimensão

Onde vem por vezes 

Banhar o seu coração


Dia

 (2021)


quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Lenda é



Lenda é uma narrativa fantasiosa transmitida pela tradição oral através dos tempos. De caráter fantástico e/ou fictício as lendas combinam fatos reais e históricos com fatos irreais que são meramente produto da imaginação aventuresca humana. Uma lenda pode ser também verdadeira, o que é muito importante.

Com exemplos bem definidos em todos os países do mundo, as lendas geralmente fornecem explicações plausíveis, e até certo ponto aceitáveis, para coisas que não têm explicações científicas comprovadas, como acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Podemos entender que lenda é uma degeneração do Mito. Como diz o dito popular "Quem conta um conto aumenta um ponto", as lendas, pelo fato de serem repassadas oralmente de geração a geração, sofrem alterações à medida que são contadas.

Muitos pesquisadores, historiadores ou folcloristas, afirmam que as lendas são apenas frutos da imaginação popular, porém como sabemos as lendas em muitos povos são "os livros na memória dos mais sábios".
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Lenda)

Lenda da Fonte Coberta

                           
Em um sítio chamado a Fonte Coberta, nas proximidades de Lagos, existe encantado um mouro ou uma moura. Em certa ocasião foi uma pobre mulher buscar água à fonte, e ao afastar-se viu duas esteiras com belos figos secos a enxugar ao sol.
No Algarve há por assim dizer duas diversas exposições de figos:
uma por ocasião de seca geral, e é quando o figo, apanhado já muito maduro, pincre, lhe chamam os algarvios, é conservado ao sol até secar de todo, e capaz de entrar nas tulhas de cana ou gamão, onde é acalcado e conservado; a outra, para consumo da família, sendo previamente lavado e posto ao sol a enxugar.
Não pôde a pobre mulher resistir ao desejo de lançar mão a alguns figos e apanhou cinco. A certa distância reparou que era seguida de uma criancinha a chorar, chamando pela mãe.
Perguntou a mulher à criança por que razão chorava, a criança porém em vez de dar qualquer resposta chorava cada vez mais.
Comoveu-se ela, e na suposição de que a criança tinha fome, meteu a mão nos bolsos e tirou dois figos para lhe dar. Qual não foi o seu espanto quando em lugar do figos se encontrou com cincos peças de ouro!… Nesse mesmo momento a criança desapareceu, aparecendo em seu lugar um homem trigueiro, vestido ao modo dos malteses, de barrete vermelho e com um varapau na mão.
Atemorizou-se a mulher do súbito aparecimento do homem; este, porém, respondeu-lhe:
— Bruta, que não soubeste aproveitar-te dos figos, podendo apanhar os que quisesses!
E ao mesmo tempo que disse estas palavras também desapareceu.
Em outra ocasião passou junto da mesma fonte uma tendeira, chamada Mariana, e viu próximo uma criancinha de barrete encarnado. A tendeira ficou naturalmente surpreendida e atemorizada, porque já a esse tempo ouvira dizer que ali apareciam mouros encantados.
A criancinha, porém, sem fazer reparo na surpresa da tendeira, aproximou-se-lhe e disse:
— Dou-te uma boa porção de feijões, se me prometeres não os distribuíres por outras pessoas.
E ao mesmo tempo mostrou-lhe uma boa porção de feijão branco.
A mulher prometeu à criança cumprir a condição e encheu uma alcofa do referido legume.
Mais adiante encontrou ela um homem e pediu-lhe com muitas instâncias que lhe desse os feijões, que levava consigo. Respondeu-lhe a mulher que lhos não podia dar, pois os recebera com a condição de os não distribuir por ninguém. Impôs-se-lhe o homem dizendo que a criança era seu filho, e que este lhe oferecera os feijões sem a sua autorização. A mulher abriu a alcofa e ficou admirada de encontrar os feijões substituídos por belos pintos antigos de prata.
O homem disse-lhe:
— Não te aconselharam a que não desses a ninguém os figos?…
Quando a mulher ia a dar a resposta, já não viu o homem: tinha desaparecido como o fumo.
Estes dois casos e muitos outros andam na memória de toda a gente que reside próximo da fonte. Os velhos contam-nos por os ter ouvido contar aos seus avós, e estes aos seus avoengos. Como em muitas outras lendas de mouras encantadas, desconhece-se a razão por que ali se encontram encantados os tristes mouros.
Estes contos são sempre ouvidos com o profundo respeito de quem assiste à narração de um milagre autêntico.

(OLIVEIRA, Francisco Xavier d’Ataíde As Mouras Encantadas e os Encantamentos do Algarve Loulé, Notícias de Loulé, 1996 [1898] , p.245-246)


sábado, 9 de janeiro de 2021

Lenda das amendoeiras em flor

Há muitos e muitos séculos, antes de Portugal existir e quando o Al-Gharb pertencia aos árabes, reinava em Chelb, a futura Silves, o famoso e jovem rei Ibn-Almundim que nunca tinha conhecido uma derrota. Um dia, entre os prisioneiros de uma batalha, viu a linda Gilda, uma princesa loira de olhos azuis e porte altivo. Impressionado, o rei mouro deu-lhe a liberdade, conquistou-lhe progressivamente a confiança e um dia confessou-lhe o seu amor e pediu-lhe para ser sua mulher. Foram felizes durante algum tempo, mas um dia a bela princesa do Norte caiu doente sem razão aparente. Um velho cativo das terras do Norte pediu para ser recebido pelo desesperado rei e revelou-lhe que a princesa sofria de nostalgia da neve do seu país distante. A solução estava ao alcance do rei mouro, pois bastaria mandar plantar por todo o seu reino muitas amendoeiras que quando florissem as suas brancas flores dariam à princesa a ilusão da neve e ela ficaria curada da sua saudade. Na Primavera seguinte, o rei levou Gilda à janela do terraço do castelo e a princesa sentiu que as suas forças regressavam ao ver aquela visão indiscritível das flores brancas que se estendiam sob o seu olhar. O rei mouro e a princesa viveram longos anos de um intenso amor esperando ansiosos, ano após ano, a Primavera que trazia o maravilhoso espetáculo das amendoeiras em flor.

(Retirado da net)